Amamentar ou não em tempos de COVID-19?
- Waléria Setubal
- 10 de jun. de 2020
- 3 min de leitura

De acordo com o Departamento Científico de Aleitamento Materno (DCAM) da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) informou, diante de casos de mães que estejam com suspeita ou infectadas pelo COVID-19:
“De acordo com um único estudo publicado no Lancet, foi pesquisado em pacientes com pneumonia causada pelo COVID-19, a presença do vírus no líquido amniótico, sangue do cordão umbilical, leite materno e swab da orofaringe do recém-nascido. Nestas amostras os resultados foram negativos. Portanto, até o momento não há documentação de transmissão vertical durante a gestação e nem no período neonatal, pela amamentação. Outras duas revisões, uma do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) norte-americano e outra do Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG), de Londres, concluíram que caso a mãe queira manter o Aleitamento Materno, a mesma deverá ser esclarecida e estar de acordo com as medidas preventivas necessárias:
– Lavar as mãos antes de tocar no bebê na hora da mamada;
– Usar máscara facial durante a amamentação.”
E o que a nutri acha disso?
Às gestantes:
Temos então que até o momento, um único estudo foi publicado, e demonstrou que não existem casos de transmissão de COVID-19 da mãe para o bebê ainda na barriga, seja por meio do líquido amniótico ou sangue do cordão umbilical, ainda que isso se confirme em outros estudos (caso os resultados sejam semelhantes), é importante que os cuidados de prevenção não sejam deixados de lado, visto que, ainda que a mãe não transmita para o bebê dentro da barriga, os riscos continuam sendo elevados quando o bebê nascer.
Às mães que amamentam:
Mães infectadas
Pelo coronavírus provavelmente já colonizaram seus bebês, porém, a amamentação continuada possui alta transmissão de anticorpos protetores ao bebê através do leite materno. Logo, a amamentação deve ser mantida, adotando as seguintes práticas:
– Lavar cuidadosamente as mãos antes de tocar no bebê e em qualquer dos seus pertences, atentar para isto principalmente na hora da mamada;
– Usar máscara facial em qualquer contato e durante a amamentação.
Se o bebê já pode estar contaminado, por que continuar com esses cuidados?
Porque todo cuidado ainda é pouco, e para minimizar a exposição viral adicional ao bebê.
Caso a mãe não se senta segura para amamentar diretamente a criança, poderá:
- extrair o seu leite manualmente ou usar bombas de extração láctea (atentando para higiene adequada)
- um cuidador saudável poderá oferecer o leite ao bebê por copinho ou colher (desde este conheça a técnica correta de uso desses utensílios).
Mães não infectadas
Mais do que nunca é extremamente importante que mães amamentem seus bebês! Pois é através do leite materno que o bebê obtém os benefícios de uma boa nutrição e de uma excelente imunidade.
Então, a recomendação continua sendo prosseguir com a amamentação, desde que tome todas as medidas de prevenção.
Cuidados adicionais:
- Não receber pessoas em casa, a menos que seja de muita urgência e adotando todas as medidas de prevenção antes de entrar na casa.
- Entrar em contato com outras pessoas o mínimo possível.
- Atentar para a obtenção de vitamina D através da luz do sol por parte da mãe e do bebê(também tem um papel muito importante tanto na imunidade quanto prevenção de doença ósseas no futuro).
- Alimentação da mãe também é de suma importância, sabemos do papel da alimentação para a imunidade, certo?
As principais publicações nesse tema até então indicam que, como em várias outras situações, os benefícios da amamentação superam os riscos de transmissão do COVID-19.
Logo, mamãe, a menos que seja contraindicado, amamente, nutra seu bebê, não há nada melhor do que seu leite para seu bebê.
Alimentar o bebê através de fórmulas é, sem dúvidas, em último caso, e saiba que a fórmula não possui metade da qualidade do leite e não transmite anticorpos como seu leite transmite.
- Nutricionista Waléria Setubal
Texto escrito em 13/04/2020
Comentários